quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Rotas arritmadas n.1


Sístole-diástole. Sístole-diástole.
Pressão e relaxamento intercalam-se.
Entre uma porrada e outra, constrói-se isso.
Sim, isso mesmo, isso a que chamamos vida.

Digerir, parir, partir, andar.
Pouco importa.
Sístole-diástole.

As baias cinzentas iluminam-se.
Projetos se transformam
Às cegas, às claras
A sós, acém
Amando ou aquém

Tanto faz, desde que seja online.
 Pra ontem, pra hoje, pra sempre.

Redes sociais, narrativas, sujeitos.
O “como” e o “quem” parecem ganhar forma.
Puro nanquim. Faltam cores.
Qual criança prefere o preto-e-branco?
Tem canetinha?

O sofrimento-limite e suas reservas simbólicas...
Entre o porta-joias, o baú e o garimpo.
Sístole-diástole.
O tesouro é sonho.
O risco muda de ares
E prescinde da finitude.

O anthropological blues?
Remodela-se.
A jovem argonauta mal e mal esboça um sorriso.

A saturação de incertezas parece exigir o cessar.
 - Sístole, entende? –
Ela finge entender.
Quantas vezes já não fez isso?
Ciente da solidão dessa escolha.


Sem diástole não há entendimento.
Talvez seja preciso esperá-la.
Ouvir as grandes feiticeiras,
Deixar-se envolver por seu canto
Ouvi-lo, sentir-se palpitar por ele.

Com suas grandes narrativas
Aprender a ouvir as pequenas
E, sob uma nova melodia,
Criar de vez sua rota
Atenta à ausculta
Como forma de se libertar dela.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Rebentou... E agora?




Substantivo abstrato.
Sem dúvidas, criei, sofri, briguei, morri e desejei. Foi tanto, que senti frio.

O livro foi lançado? Foi, sim, senhor! 
Escrevi tal como ela recomendou? Escrevi, sim, senhora!
Trabalho e resenha quase enviados? Os prazos aplaudiram, sem dúvidas.

Acadêmicos do Salgueiro: nove ponto oito!

“Rebento raro como flor na pedra, rebento raro como trigo ao vento... “
Posso só citar e deixar-me de lado, assim, só um pouquinho? Escrota, dentro do esgoto.

Com alguns corações, ideais, projetos... Eu devia formar umas três ONGs de tanta boa vontade.
Mas não sou assim, não quero sê-lo e não o serei.  A cada sensação de abatimento...
EU REBENTO!

Penso em citar tanta gente que já me sinto em paz.
Ah! Quantos já sofreram em meu lugar!
 Penso em olhar no Google a Elis berrando minha dor.
Finalmente, um grito afinado! 
Nove ponto nove?

“E o coração dizendo: - Bata!”
Ok, farei  isso.
Quando eu assim desejar. Eu disse EU, fui clara?
Sei que estou vivendo,  mas posso esvaziar o copo.


Foda-se.