Em tempos impermeáveis
Meneios não memoráveis
Lá estava ele
Diante da escadaria
Submerso no paraíso
Entre o ciúme de Zeus
E a musa,
Senhora das horas
A brisa da lua cheia
Despede-se sem promessa de aurora
A Web 2.0
Marcas registradas
Duas vozes inauditas
Um fetiche
Sem ginga, com charme
Disposto ao desentrave
Attachment sem teoria
Suficientemente boa
No castelo do rei
Renascer entre hemácias
Entre a energia e a matéria
Resquícios, pilhérias
De um desvirginar do meio-dia
“Nosso apartamento,
Um pedaço de Saigon”
A histeria sangrenta
Emadeirada no osso
Encadernando O-
Não desfrutará dos meus demônios
O exorcismo dos outros
“Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada”
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada”
Silêncios de Exu nos olhos da menina
Onde está minha Vênus
Quando me acudirá Yemanjá
Com que olhos, Odudua
Servirei seu manjar?
Mulher, amiga, bruxa
Tia, fada, erê
Uma vida bela
Mais ou menos ordinária
Nos barrancos entre o tocar e o dizer
A negra carruagem
Suas estranhas viagens
O caçador encarcerado
Um cientista desarrumado
Revisado por pares
Em tiroteios e paisagens
Mais uma vez ele vem
Sisudo, risonho
Quebrando pratos
Rompendo pactos
Deixa-me desarmada
Em sentido estrito e lato
Quimeras e querelas
Me fazem desejar ver de perto
O enxadrista marrom
Que dá cor à imprensa
E desejo ao meu desejo
No meio das aquarelas
Menos uma manhã
Mais uma tarde
A uva derrama aos litros
Desfeita entre sonhos e milagres
E assim
Lá se vão
Uma avalanche de versos
Corpos em movimento
Membros e olhos despertos
Com o obscuro e o escancaro
Para além de todos os certos